Quaresma: tempo de reflexão e reconciliação com a fé e com os caminhos de Deus

A Quaresma é narrada pelos evangelistas Mateus, Marcos e Lucas (Mt 4:3; Mc 1:1; Lc 4:2) como o período de quarenta dias e quarenta noites em que Jesus, guiado pelo Espírito, retirou-se ao deserto para jejum e oração. Lá, tentado pelo demônio e pela condição humana, Ele teria resistido sem água e sem alimento, perseverando no caminho trilhado pelo Pai e preparando-se para o que haveria de vir – sua morte na Cruz e ressurreição. Ao fim, fortalecido em alma, recebeu os serviços e cuidados dos anjos do Senhor e continuou sua jornada.

O deserto, portanto, foi não apenas lugar de provação para Jesus – mas de providência Divina como é para todos os filhos de Deus.

Pelo deserto o povo hebreu, depois de muito caminhar e debater, alcançou sua libertação e estreitou seus laços com o Senhor. Pelo deserto, alimentando-se de mel e gafanhotos, João anunciou e contemplou o Cristo do Pai.

Pelo deserto passamos todos nós, povo humano, povo cristão, sempre que os caminhos da vida nos conduzem a mudanças, surpresas e ausências – e entraves nos são apresentados.

Como vamos nos portar diante dos desertos, no entanto, é aquilo de maior importância – se vamos resistir às tentações, se vamos manter-nos firmes nos caminhos de Deus.

Que nessa Quaresma possamos vencer nossas provações, cumprir nossas penitências e, por fim, celebrar com dignidade e perseverança a Páscoa do Senhor.

Que nesse período possamos ser humildes e mansos; que saibamos seguir o exemplo de Cristo, realizando nossas conversões pessoais e servindo e amando ao próximo; que saibamos colocar os desejos de Deus acima dos nossos; que na grandeza do anonimato realizemos caridade; e que nossos jejuns e abstinências transpassem o mero silêncio e ação em nossos corpos materiais – que sejam eles capazes de purificar nossos espíritos e galgar nossa plena conversão.

A todos, uma santa e perseverante Quaresma.

Paz e bem!