Feliz Natal! – E que haja lugar para Nosso Senhor

O fim de ano chega e todos arrumam as suas casas: fazem completa faxina, retocam a pintura dos cômodos e escolhem os melhores panos e forros para a mesa e cama. Também luzes das mais brilhantes são instaladas nas fachadas e um pinheirinho, repleto de adornos, é colocado no centro da sala. 

A ida ao mercado, por sua vez, fica mais gorda: peru, peças de pernil, panetones, bolos e tortas levam parte do décimo terceiro de cada trabalhador. Tudo para que, na noite do dia 24 de dezembro (Natal), o lar esteja em perfeita ordem e a mesa repleta. Afinal é noite de família, noite de celebrar a vida e o amor, de receber o próximo. 

Noite perfeita, por tudo isso, para ser acolhido pelo irmão. Para estar com ele em sua mesa e celebrar o seu melhor. Para partilhar a sua fartura e o seu bom-grado. 

Talvez também pensasse assim José, antes do Natal ser Natal, ao caminhar com Maria numa noite de dia 24 há dois mil anos atrás.

O Evangelho de São Lucas conta que “indo José à Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém; afim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida; (…) se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz. E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem”. (Lucas 2)

Viajando obrigados a Belém pela necessidade do alistamento de César Augusto, provavelmente sem muito dinheiro e com apenas um animal de carga e as roupas de uso, José e Maria não foram bem recebidos na noite do dia 24. Mesmo estando Maria grávida, mesmo estando o menino perto de nascer, não havia lugar para eles na estalagem. A noite não foi de acolhida e de partilha (pelos outros) para eles. 

Jesus, rei do Universo, Salvador de todos, Luz do Mundo, enquanto frágil e terno como uma criança recém-nascida, não teve lugar para se abrigar. Ninguém o acolheu naquela noite.

Havia casas com fartura, casas preciosamente limpas e arrumadas, casas com mesas fartas e bem postas, mas não havia disponibilidade de receber Jesus e seus pais. Não havia disponibilidade de amparar aquela família.

Soa-nos fria a notícia de um Jesus desabrigado. Tinham aquelas pessoas de dois mil anos atrás pedra no lugar do coração? Ou será que foi a partir do Natal (o nascimento de Jesus) que tudo mudou?

A noite do dia 24 continua tendo a mesma quantidade de horas. Jesus, no entanto, presente em cada um de nossos 25 milhões de irmãos brasileiros na miséria, ainda está a passar fome por não ter o que jantar.

O mesmo Jesus, ansiando por amar tantos corações que não o querem, também continua preterido (mesmo em seu aniversário) a festas, a eventos, a dinheiro, ao poder e ao pecado.

A verdade é que nós dizemos celebrar Jesus e sua vida a cada Natal, mas seguimos, muitas vezes, deixando-o de fora da festa – fora de nossas mesas, fora de nossos corações.

Que nesta e nas próximas noites do dia 24, no entanto, tudo seja diferente. Que você, meu irmão, minha irmã, abra-se a Jesus e a seu mistério de misericórdia, de partilha, de fraternidade, de amor, de doação e de vida nova. É isso o que nós, do Santuário de Nossa Senhora das Candeias, desejamos a você e sua família: Um feliz, santo e renovado Natal – com Jesus ao centro de tudo. Que o amor de Maria e a Luz de Cristo estejam contigo.

Texto: João Marcelo Rocha e Nathalia Rocha